domingo, 28 de março de 2010

Anjos de asas partidas comovem o país


Especial: Anjos de asas partidas comovem o país

Sábado, 27 de Março de 2010 - 21h02

O julgamento do casal Nardoni revive a morte traumática da menina de 5 anos e reacende a questão brutal da violência doméstica

Jucimara de Pauda

Três casos de mortes de crianças abalaram a região nos últimos dois anos. As vítimas foram Pedro Henrique Marques Rodrigues, o Pedrinho, Gustavo Raphael Rodrigues Paulino Ferreira e Kamilly Cristina Pereira. No país, repercutem ainda a morte de Isabela Nardoni e o dramático julgamento dos acusados do crime.

Em comum, as crianças têm o fato de que todas foram vítimas de maus-tratos, morreram e os suspeitos são pessoas próximas delas: pai, mãe, padrasto e madrasta.

Para o psicólogo Diego Gutierrez, o agressor que maltrata e chega a matar crianças que deveriam ser amadas por eles buscam um bode expiatório para os seus próprios problemas.

"É uma espécie de transferência. Pais frustrados por várias razões, como problemas financeiros, procuram um bode expiatório, e escolhem a criança por ser uma vítima frágil", afirmou.

Para ele, a criança é uma vítima em potencial porque é indefesa, ingênua, desprovida de força e preparo para se proteger contra o agressor.

Segundo ele, os agressores não têm consciência que estão transferindo as suas frustrações para as crianças.

"Se eles tivessem consciência, não usariam o mecanismo. Saberiam que são responsáveis pelas próprias frustrações".

De acordo com Gutierrez, na maioria das vezes, os agressores dão sinais que algum dia poderão cometer atrocidades contra os pequenos. "Eles podem fazer uma coisa bárbara. Começam primeiro judiando da criança psicologicamente e depois passam a responsabilizá-la pela desgraça da família".

O tratamento para estas pessoas é raro. "Ela teria que ter consciência do problema para se tratar, mas a pessoa não reconhece a sua psicose. Ela desconta no outro as frustrações. É uma atitude covarde e imatura".